FÓRUM II


Fórum de diálogo II. Balanço das pesquisas do NPMS sobre movimentos e participação

O objetivo do fórum é o de apresentar um balanço da produção do NPMS ao longo dos seus 30 anos de existência, destacando-se os principais temas e perspectivas analíticas.

Este espaço está aberto à publicação de DEPOIMENTOS daqueles que passaram pelo NPMS nesses 30 anos de história. Para isso, basta utilizar o espaço dedicado às postagens ("Comentários"), logo abaixo.




15 comentários:

  1. TÍTULO DA PESQUISA: Movimentos Sociais no Brasil Contemporâneo: o Fórum Nacional de Reforma Urbana.
    Ramon José Gusso
    Orientadora: Prof.ª Dr.ª Lígia Lüchmann
    Agência de Fomento: CNPq.
    Nível: mestrado – conclusão 2012.
    Descrição:
    Esta pesquisa voltou-se para a análise do Fórum Nacional de Reforma Urbana, o qual se configura como um dos principais movimentos sociais vinculados à questão urbana no Brasil, sendo também o responsável por articular diversas redes sociais no âmbito desta temática. Este estudo teve como principal objetivo identificar quais são as organizações que ocupam os espaços mais centrais nesta rede, suas relações com atores e organizações políticas, as estruturas de oportunidades políticas que influenciaram a escolha de seus repertórios de ação política e os principais quadros interpretativos que são mobilizados e que mobilizam este movimento social ao longo dos últimos 25 anos. Um dos primeiros resultados da pesquisa foi o mapeamento da ampla estrutura de mobilização do FNRU, o que inclui múltiplos vínculos entre atores da sociedade civil e do Estado. Tais vínculos são marcas de múltiplas militâncias e projetos políticos desenvolvidos a partir do final da década de 1970, contribuindo fundamentalmente para a interação entre atores do FNRU e, sobretudo, do governo petista em âmbito federal. A pesquisa demonstrou também que no interior do FNRU são as ONGs que exercem uma maior centralidade na rede, pois são as que buscam construir mais vínculos com outras organizações, fóruns e redes, como são também as que possuem uma maior diversidade nas relações, sendo intermediárias de vários vínculos. Igualmente, são as ONGs, em grande medida, as responsáveis por produzir, sistematizar e divulgar os quadros interpretativos do FNRU. Há uma forte centralidade em algumas organizações, que são as responsáveis por estimular a participação no Fórum, por produzir e fornecer os referenciais teóricos e organizar a própria história do movimento. O FNRU tem marcadamente atuado próximo às arenas institucionais, sendo estas, em grande medida, o próprio conteúdo de suas reivindicações e a base de ação de seus repertórios. Esses repertórios, todavia, são contemporizados diante de contextos políticos e eleitorais, existindo, portanto, o compartilhamento de projetos políticos que aproxima o Fórum de partidos de esquerda, com destaque para o Partido dos Trabalhadores, que em muitos momentos intermediou o trânsito de militantes do FNRU para o interior de governos municipais e para o Governo Federal, em particular para o Ministério das Cidades. Destaca-se também a dimensão da atualização dos quadros interpretativos do Fórum, por meio da reformulação da agenda e do ideário da reforma urbana. A atualização desses quadros é realizada de modo a permitir, sem grandes contradições, a incorporação de novas demandas e diagnósticos sobre a realidade. Os quadros interpretativos da reforma urbana são, portanto, flexíveis e porosos, permitindo a sua extensão de modo a abarcar novas demandas, conceitos e organizações.

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  2. "O Núcleo de Pesquisa em Movimentos Sociais teve um papel muito importante em minha formação acadêmica e profissional. Sob a orientação da professora Ilse desenvolvi o meu mestrado (1993-1995). Prossegui pesquisando a temática no doutorado, na USP (1996-2000) e depois no pós-doutorado, com o Boaventura de Sousa Santos, no CES/Universidade de Coimbra. Nunca imaginei que a vida, logo adiante, me colocaria o desafio de participar da construção de uma universidade pública federal criada a partir da forte mobilização e liderança dos movimentos sociais da região Oeste de Santa Catarina, Sudoeste do Paraná e Noroeste do Rio Grande do Sul. Enquanto Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFFS trabalho cotidianamente com as lideranças dos movimentos. Tem sido uma experiência rica e extraordinária. A UFFS está sendo construída a partir desse diálogo e sinergia com os movimentos sociais. O NPMS completa 30 anos não por acaso. São três décadas de espírito de equipe e de trabalho permanente, levado adiante por um grupo de pesquisadores da melhor qualidade intelectual. Parabéns por esse trabalho, pela formação proporcionada e pela pesquisa e extensão desenvolvidas. Vida longa ao NPMS".
    Prof. Dr. Joviles Vitório Trevisol
    Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade
    Federal da Fronteira Sul - UFFS

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  3. De Carlos A. Gadea para o NPMS:

    Em fevereiro de 1997 cheguei a Florianópolis, e como me creia esperto, fui morar na praia, no sul da ilha. A professora Ilse sempre achou (creio que até hoje) que morava no Campeche, mas na realidade era na praia de Armação. Passaram-se 17 anos daquele fevereiro, e o meu cabelo comprido foi o único que deixei pelo caminho. Levo comigo o aprendizado e experiência de ter ingressado no NPMS e, fundamentalmente, de haver tido a oportunidade de ser orientado no mestrado e doutorado por Ilse Scherer-Warren. Existe da minha parte uma dívida real, acorde ao recebimento no Núcleo que coordenava. Existe no meu horizonte acadêmico e intelectual a sensibilidade do seu conhecimento. Todo começou com uma pesquisa sobre o movimento neo-zapatista do México, que se desdobrou no doutorado com a temática da pós-modernidade e a América Latina. Da defesa do doutorado guardo algumas fotos; como essas 3 exibidas. Lembro-me desse dia, que tomei mais de 3 litros de agua mineral sem gás. Estamos em 2014, e quando a memória escolhe episódios vivenciados no Núcleo, surge a presença da professora Ilse, as cartas do Subcomandante Marcos, as reuniões com os colegas do Núcleo, e novamente a figura de Ilse. Para mim, Ilse é indissociável ao NPMS e aos meus trabalhos de pesquisa como orientando. Pois é: não quero transmitir exagero, mas a memória me faz pensar numa pergunta: posso “me imaginar” hoje sem ter ingressado no Núcleo e ter conhecido a Ilse? Seria possível que alguém estivesse lendo estas palavras se lá, em 1997, não tivesse existido a cumplicidade e apoio da Ilse e o seu Núcleo de Pesquisa? Eu sei as respostas, e estão guardadas comigo. Agora só me faltaria um mergulho na frente da minha casa na praia de Campeche... opss! de Armação, como fazia cada vez que voltava das reuniões do Núcleo.

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  4. As trajetórias de vida são construídas dialeticamente por apoios e resistências diversas. Quanto a minha trajetória pessoal e profissional, não existe a possibilidade de sua compreensão sem considerar a convivência no NPMS e, de modo muito especial, o carinho da Ilse. Todo processo de formação é eivado necessariamente de crises e nesses momentos onde a escuridão não tem mais cabimento sempre encontrei na Ilse um prumo: tanto um apoio às minhas conjecturas bem como a necessária resistência que fez aprofundar minhas reflexões, superando aspectos lacunares e adensando a compreensão de mundo. Das primeiras conversas naquele limiar do século XXI à defesa, vivi um tempo não cronológico, mas um Kairós propriamente dito, posto que a intensidade das experiências vividas naquela ocasião não são possíveis de mensuração ou comparação restrita a linearidade de uma mera passagem temporal. Graças aos companheiros do núcleo também pude aprender muito, companheiros estes que lembro com muito carinho e admiração. Ainda que tenha mudado o foco das minhas pesquisas – do estudo das ONGs para políticas públicas educacionais – o aprendizado construído naquele momento continua marcado indelevelmente na minha trajetória acadêmica. Ao NPMS, portanto, só tenho a agradecer e fazer votos para que nos próximos 30, 50, 100 anos ... esta semente plantada pela Ilse e cultivada com muito carinho pelos membros do NPMS cresça ainda mais e aprofunde suas raízes. Revigorando-nos à sombra de seus frondosos galhos e saciando-nos com seus muitos frutos – existentes e que virão - conservemos a esperança e lutemos por um mundo melhor.
    Daniel Soczek – Mestrado em Educação – UNINTER.

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  5. Ao olhar para uma efeméride tão importante quantos os 30 anos do NPMS não há como não olhar para a própria experiência de toda uma vida. Sou 3 anos mais velho que o NPMS e muito do que sou aprendi ao longo de mais de 10 anos vivenciados nos corredores do CFH e dentro do núcleo que era considerado pelos estudantes da graduação como o mais importante da Sociologia.
    Conseguir uma bolsa de iniciação científica (num período em que elas eram escassas) no NPMS seria tarefa hérculea. Do CNPq então, praticamente um gol de placa. Tive a imensa honra de ser aceito no NPMS no início da minha graduação e, de lá de dentro, auxiliar nas pesquisas, aprender a pesquisar, conhecer autores, fichar, participar de seminários, organizar seminários, escrever uma monografia, uma dissertação e depois uma tese.
    A Ilse, sempre com seus passos e mente rápidos, em alguns segundos clarificava qualquer demanda sempre salvaguardando as reais motivações para a existência de um núcleo pesquisador dos efervecentes movimentos sociais.
    Algo, porém, ainda me causava desconforto como iniciante na senda sociológica. Estávamos no alvorecer do século XXI e não havia nenhuma produção brasileira diretamente associada aos movimentos LGBTs. Coube à Lígia, minha eterna e amada orientadora, o aceite de minha proposta para estudá-los e ao longo de mais de uma década saltamos da análise florianopolitana às relações globais dos movimentos LGBTs.
    Quando percebi a proposta para contar experiências npmsianas eu não pude não me expor. Toda minha formação foi e é fruto do NPMS e dos acadêmicos que dele fazem ou fizeram parte. Pessoas que um dia admirei e que hoje admiro e posso chamar de pares e amigos.
    Prof. Dr. Fernando Taques
    Diretor-Geral do Instituto Federal Catarinense - Campus Ibirama

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  6. Zilma Isabel Peixer
    Inicialmente parabéns pelo evento.
    Não tem como falar da importância do NPMS sem lembrar dos primeiros contatos, indagações e reflexões.
    Foi através do NPMS que iniciei minha paixão pela Sociologia e principalmente pela pesquisa.
    Para minha trajetória profissional e pessoal foi extremamente importante. Os anos de aprendizado foram fundamentais. Ainda lembro, quando na segunda fase (1986/2) da graduação a profª Ilse (sempre minha orientadora) convidou para participar das pesquisas. Ou ainda das tentativas da profª em decifrar minha letra, meus primeiros rascunhos de compreensão da sociedade. Naquela época eram os estudos sobre efeitos das UHE. Lembro da primeira saída a campo, com o prof Silvio Coelho, fomos visitar uma comunidade indígena que estava sendo atingida por barragem; Lembro das reuniões e reflexões sobre MS e barragens. Lembro da profª Zeca, da profª Neusa, da minha colega de graduação Gisela. Da graduação fui para o mestrado, novos desafios e novas inseguranças, porém continuei tendo o privilégio de contar com a orientação da Profª Ilse, que me ensinou os princípios da pesquisa mas principalmente o posicionamento do pesquisador/professor/mulher frente ao mundo e a vida. Muito obrigado!
    E estarei participando do evento, para viver e reviver momentos
    Abs

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  7. Trabalhei no NPMS de abril de 1997 a fevereiro de 1999.
    Fazer parte de um Grupo de Pesquisa, coordenado pela professora Ilse Scherer-Warren, foi uma das oportunidades que marcaram para sempre a minha vida pessoal e profissional. A experiência inicial de pesquisadora, além de ser um espaço riquíssimo de aprendizagem, oportunizou-me a continuidade dos estudos a nível de mestrado e doutorado, e, também, abriu portas para a minha carreira profissional de sucesso.
    Entre as aprendizagens significativas, algumas merecem destaque: trabalho em equipe, respeito às ideias e processos diferentes de cada pessoa; organização e critérios para a elaboração de projetos e pesquisas; oportunidade de realização de grupo de estudos sobre a temática de movimentos sociais; organização e participação em eventos e muitas outras experiências que me fizeram ser a profissional que sou hoje.
    Obrigada Ilse, obrigada demais professores e colegas do NPMS.
    Marivone Piana

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  8. Sempre tive “um namoro meio que a distância e platônico” com o NPMS, grande parte motivada pela admiração que sempre tive por Ilse. Iniciei minha graduação na UFSC em 1993, e só encerrei minha etapa como estudante da instituição em 2012, quando terminei o doutorado. Durante a graduação e o mestrado, fui membro do Laboratório de Sociologia do Trabalho. O NPMS entra em minha vida no ano de 2008, quando andava em busca de um orientador para a minha proposta de pesquisa, e estava difícil. Não sei, mas acho que foi a Marivone Piana quem me disse: “Fala com a Ilse”. Marquei um encontro com ela e apresentei minha proposta. Ainda meio vaga, queria entrar por uma seara que talvez ela não aceitasse, dado o tanto de trabalho e orientações que tinha. Será que ela orientaria um trabalho sobre movimento negro e combate do racismo que enveredasse pelos Estudos Coloniais e Culturais? Fui expondo minhas ideias e Ilse me escutando de um jeito tão cativante! Jamais esquecerei. Ao final, ela me diz: “Vou te orientar sim, e vamos aprender juntas!”. Aprender juntas! Uma pensadora como ela e uma humildade sem igual. Dessa conversa nasceu minha relação com o NPMS. Em 2008 passo então a realizar a pesquisa de doutorado intitulada: “Diáspora como movimento social: políticas de combate do racismo em perspectiva transnacional”. Lembro-me bem como foram importantes as reuniões de discussão do núcleo: as intervenções de Lígia e Julian, as sugestões de Domitila e Fernando, e por aí vai. Ainda hoje tomo parte do grupo, contribuindo, ainda que de maneira tímida, no projeto com INCTI. Resultados já estão aí: uma primeira coletânea com um capítulo sobre feminismo negro, apresentações, e creio também, a aprovação no concurso público para docente da UFSC/ Blumenau, para a área de Sociologia. A parceria agora segue, buscando articular aquele campus com o NPMS. E não posso deixar de encerrar esse pequeno depoimento sem agradecer publicamente à professora Ilse: Muito obrigada!

    Marilise L. M. dos Reis Sayão – Docente – UFSC/Blumenau

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  9. Tenho muita gratidão pela Professora Ilse. A conheci em 2008, quando a Ambiens Sociedade Cooperativa organizou em Curitiba o Seminário Política e Planejamento: Estado e Lutas sociais, intervenções e disputas no território. O nome de Ilse foi indicado pela professora Ana Clara Torres Ribeiro (in memoriam), que era parte da comissão científica. Este seminário resultou em um livro com a participação de outros importantes intelectuais brasileiros, como Plínio de Arruda Sampaio, Carlos Vainer, Carlos Frederico Marés , Alfredo Wagner e lideres de movimentos sociais como MST e MTD (AR) que participaram como palestrantes do seminário. A Ilse nos surpreendeu, pois disse que gostaria de acompanhar todos os 4 dias de evento. Isso para gente foi um reconhecimento do conteúdo do debate que estávamos promovendo naquele seminário, mas também deixou claro seu o comprometimento com a temática dos movimentos sociais, estando aberta para debater e compartilhar ideias com um grupo tão jovem. Nestes quatro dias tive a oportunidade de conversar com a Ilse sobre a minha ideia de projeto para mestrado, ainda nem pensava na UFSC. Mas foi nestas conversas que tomei conhecimento do NMPS, das pesquisas, do grupo de pesquisadores. Ao final do seminário já tinha tomado a decisão de ir para Florianópolis. Hoje tenho orgulho de fazer parte desta trajetória, de um núcleo pioneiro na construção de um campo de pesquisa, com décadas de história e memórias.

    Ramon Gusso – doutorando sociologia-política UFSC, professor UFPR.

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  10. Boa noite.

    Minha relação pessoal e profissional com o NPMS tem sido muito gratificante. A acolhida para pesquisar e produzir estudos que envolvam os movimentos e as organizações indígenas no país e especialmente no sul do Brasil demonstra o quanto este núcleo de pesquisa esta atento para as diferentes formas de mobilização e contestação existentes. Afirma, assim, a sua relevância enquanto um espaço de disseminação e produção de conhecimento que contempla diferentes formar de ser e de saber dentro das mais diversas formas de se analisar e conceber o mundo e suas lutas sociais, culturais e políticas. Acima de tudo, o NPMS tem proporcionado aos atores sociais em luta por reconhecimento, direitos e igualdade social, econômica e política se manifestem, dando assim, espaço e oportunidades para que sua vozes sejam escutadas e refletidas pela comunidade acadêmica e pela sociedade civil organizada. Para mim, o NPMS mais que um núcleo de pesquisas acadêmicas se constitui num espaço onde diferentes discursos e opiniões influenciam na formação de uma opinião pública critica e plural.

    Catiúscia Custódio de Souza
    Licenciada e Bacharel em História-UNESC
    Mestranda em Sociologia Política - UFSC

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  11. Participar do NPMS tem sido um aprendizado. Entre conversas,aconchegos,cafés e sorrisos, percebi a seriedade e o compromisso de seus membros ao proporcionar àqueles que se interessam pela discussão,espaços para reflexão, participação e conhecimento. Reconhecer e valorizar tais espaços nesse momento ímpar, de grandes manifestações internas e externas , com certeza, irá potencializar e balizar, novas e nossas, ações por um país mais justo.

    Rosemere Freire Fonseca
    Licenciada em História - UNIMONTES
    Mestranda em Sociologia Política - UFSC

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  12. O meu “encantamento” com o NPMS iniciou na elaboração do projeto de pesquisa quando vi no mesmo e na linha de pesquisa aí desenvolvida a possibilidade de levar adiante um projeto que acompanhasse a reação das pessoas frente a mais um grande projeto minerário que não contém em seu bojo o respeito pelo ser humano, suas vivências, seu lugar. Ao participar de fato do núcleo, as minhas expectativas se concretizaram, pois aqui de fato o ensino rompe “os muros” da instituição e dá voz àqueles que ao longo da história não a tiveram ou não a têm. Parabéns ao NPMS, às coordenadoras, aos professores e aos alunos que o integram!

    Wânia Silvinha L. de Oliveira
    Licenciada em Geografia – prof. IFNMG
    Mestranda em Sociologia Política UFSC

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  13. Foi em 2007 que minha aproximação com o NPMS se deu e, curiosamente, em razão do II Seminário Nacional. Eu era recém-chegada em Florianópolis, estava dando início ao mestrado no Programa de Pós Graduação em Sociologia Política e não conhecia qualquer professor ou aluno. Na aula inaugural Ilse comentou sobre o evento e disse que qualquer ajuda seria bem-vinda. Sem pestanejar, arregacei as mangas e fui! Eu não poderia imaginar o que estava, belamente, sendo desenhado e os ecos dessa escolha em minha vida.
    Ali descobri que espaços sérios, comprometidos e humanos existem na universidade. Que é possível ter amadurecimento e crescimento intelectual com apoio. Que há pessoas dispostas a trocar conhecimento de forma despretensiosa. Que a relação professor-aluno é bem mais saborosa quando horizontal. Que é importante compreender outros temas e com eles se entusiasmar. Que sentir a confiança de outros no seu trabalho é a maior motivação que um estudante pode ter. Que dúvidas são sempre bem-vindas e necessárias.
    Descobri também algumas certezas: do acolhimento e humildade da Ilse, do mágico encontro com a Lígia, da seriedade e mente astuta do Julian. Em meus momentos de crise no percurso de doutoramento eles não me deixaram desmoronar. Eu quis, aí como eu quis desistir... Eles não deixaram! (Obrigada!!!).
    Encontrei ainda as boas risadas e conversas com bolsistas/orientandos e, de alguma forma, um espécie de porto seguro (especialmente naqueles dias onde você está cheio de livros e não quer carregá-los no corredor; quando todas as salas estão ocupadas e não há onde estudar; quando a grana acabou, mas os textos das disciplinas ainda estão para serem impressos; quando chove sem parar e faz frio e você quer fortemente um lugar mais aconchegante que a biblioteca). Eu sempre pensava: "como é bom ter esse núcleo como referência intelectual e física".
    Sem contar a alegria de ver colegas bravamente defendendo seus trabalhos (Ramon! Marilise!). E ver o sucesso de tantos outros (Rodrigo!). Quanto orgulho!
    Ilse e Julian estiveram presentes na minha banca de qualificação do mestrado, defesa da dissertação e qualificação do doutorado. Lígia orientadora querida e sagaz, sempre! A Ilse ainda teve um plus: com ela realizei estágio de docência em 2008. Ganhei além dos créditos, a convivência animada e amistosa e o estreitamento dos laços da amizade. Dela também recebi, pedagogicamente, os devidos puxões de orelha (“você não chega atrasada da minha aula. Cinco ou dez minutos. Você chega muuuito atrasada. Meia hora depois!”).
    Essas experiências, somadas a tantas outras adquiridas ao longo da caminhada iniciada em 2002 na UFES, renderam a mim e a Lígia, ao fim do mestrado, menção honrosa no Concurso de Dissertações e Teses da ANPOCS (2010).
    Bom, de lá pra cá se passaram setes anos, eu sou quase doutora, o IV Seminário Nacional se aproxima. Não me restam dúvidas de que a experiência de participação no NPMS e de relacionamento com todos que por ali circularam me legaram algo sobre a intelectualidade, o conhecimento, as relações humanas e sobre a vida (dentro e fora da universidade). Ensinaram-me muitas coisas, entre elas que razão e emoção, rigor e flexibilidade, método e criatividade, seriedade e divertimento, determinação e respeito ao outro, medo e superação, são pares de uma mesma equação. Que é nessa síntese que um bom trabalho intelectual e um humano melhor podem ganhar vida!!
    Um VIVA para o NPMS nos seus 30 anos, um VIVA para a Ilse responsável por sua existência, um VIVA para todos aqueles que ajudam manter essa história!

    Domitila Costa Cayres

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  14. O ano era 1991, ingressei no mestrado em Sociologia Política. Psicóloga formada pela UFSC em 1986 retornava à casa para o mestrado ao mesmo tempo que mantinha meu trabalho na COMCAP como psicóloga social-comunitária. O trabalho que desenvolvia profissionalmente foi a motivação para o mestrado, a participação da população no programa de coleta seletiva de lixo. Idealizava a participação comunitária na gestão do processo. Quem melhor para me orientar que a professora Ilse? E foi assim que iniciamos nossa caminhada até fevereiro de 2001, já que na sequencia ingressei na primeira turma do Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas em 1995 escolhendo ela como orientadora. E ela só me aceitou depois de eu responder porque a indicava. Pergunta estranha, me parecia óbvio, fomos tão bem no mestrado que queria repetir. Aí meu projeto voltou-se para os movimentos sociais em favor do meio ambiente na Lagoa da Conceição. A temática da identidade em conflito entre antigos e novos moradores foi o tema da minha tese. Ambas pesquisas foram orientadas pela Ilse. Participei pouco do NPMS pois sempre trabalhei, ou na COMCAP ou na UFSC como professora do Departamento de Psicologia que ingressei em 1996. Sempre tive muito suporte na orientação. Sempre tive ótima repercussão dessas pesquisas especialmente por terem sido orientados pela Ilse. Entre tantas trocas vimos crescer nossos filhos, o meu que foi gerado durante o doutorado, os dela sempre em volta de nós nas orientações em sua casa. Leitora atenta, questionadora perspicaz, incentivadora carinhosa, engajada politicamente, tal modelo de professora ilumina meu exercício de professora e orientadora. Obrigada NPMS e Ilse pela acolhida.

    Ariane Kuhnen - Professora do Departamento de Psicologia da UFSC

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  15. Ingressei em 1990 no Mestrado em Sociologia Política, minha orientadora foi Ilse Scherer-Warren, que com competência, companheirismo, presteza, dedicação muito contribuiu para os resultados encontrados neste estudo, bem como para a constituição de minha vida pessoal e profissional. A dissertação intitulada: “Discursos plurais assessorando um movimento popular em Florianópolis: Estudo de caso de uma Organização Não-Governamental”, foi uma investigação do “Centro de Apoio e Promoção ao Migrante (CAPROM)” abordado como uma organização com diversas características. Era um Centro Popular de Assessoria que atuava junto ao Movimento Sem-Teto, na cidade de Florianópolis, e no período se destacava por suas lutas. O objetivo central da investigação foi analisar a contribuição teórica e prática das relações entre as assessorias, movimentos populares e seus processos organizativos. A luta deste movimento, mais especificamente por moradia, suas conquistas, a participação, a criação de condições para o desenvolvimento de uma prática coletiva, demonstrou a história da organização. Apesar das diferenças ideológicas do grupo, este conquistou o agir coletivo em alguns momentos em favor deste movimento. Os conflitos internos do grupo (demonstrados pelas várias posições dos sujeitos) se apresentaram no sentido de avançar como organização em seus propósitos mais democráticos e como colaboradores de possíveis mudanças na sociedade. O cotidiano vivido por estes sujeitos das classes populares revelou situações de baixo nível de escolaridade, analfabetismo, desemprego, mercado informal caracterizado pelo trabalho de biscate, catadores de vidro, papelão, por conta própria e sem carteira assinada, etc. Estas inseguranças no mercado de trabalho suscitaram em mim preocupações de pesquisa relacionadas à categoria trabalho.
    Neste mesmo ano, iniciei minha trajetória como educadora na Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), fazendo já 18 (dezoito anos) de experiência no ensino superior. Depois fiz meu doutorado na UFRGS em 1999 mudando para a área da Educação, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob a orientação do Prof. Dr. Nilton Bueno Fischer. Na tese sobre juventude, trabalho e educação e seus processos identitários, pela influência do Núcleo não deixei de estudar as ações coletivas ou formas associativas em que estes jovens estavam inseridos. Minha maior alegria foi em 2010 na Anped Sul, na Univali, em que pude estar sentada com Ilse e Nilton num mesmo evento. A Ilse com seu amplo conhecimento e produção na área dos Movimentos sociais foi de fundamental importância em meu percurso pessoal e profissional, a experiência que adquiri a partir de minha vivência com ela e com o NPMS é preciosa, fiz múltiplos avanços em minhas pesquisas posteriores tendo como referência seu belo exemplo de pessoa e profissional.

    Tânia Regina Raitz - Professora do Mestrado e Doutorado em Educação da Univali

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